A CRIANÇA E A ESCOLA
A família e escola nem sempre existiram da mesma forma. Somente depois da Segunda Guerra Mundial que a pré-escolar tomou novo impulso, pois a demanda das mães que começaram a trabalhar nas indústrias bélicas ou naquelas que substituíam o trabalho masculino aumentou. Houve uma preocupação assistencialista-social, com as necessidades emocionais e sociais da criança. Nesse momento começou a crescer o interesse de estudiosos pelo desenvolvimento da criança, a evolução da linguagem e a interferência dos primeiros anos na formação do indivíduo.
As instituições infantis, durante muito tempo, organizavam seu espaço e sua rotina diária em função de idéias de assistência, e de higiene da criança. Foi com a Constituição de 1988 (art. 208, inciso IV), que pela primeira vez na história do Brasil, foi definido como direito das crianças de zero a seis anos se idade e dever do Estado o atendimento à infância. Vários fatos influenciaram essas mudanças: o desenvolvimento urbano, o trabalho da mulher, a transformação na família, as idéias de infância e as condições sociais e culturais para o desenvolvimento das crianças.
A partir do século XVII e início do século XVIII, que a criança passou a ser pensada. Porém, foi a partir do século XX que houve grandes avanços nos conhecimentos sobre a infância em várias perspectivas ,desenvolvimento, saúde, história, cultura. Hoje, muitos estudos enfatizam que a infância é realmente considerada uma etapa fundamental no processo de construção do ser humano. o RECNEI (Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil) salienta que:
As crianças possuem uma natureza singular como seres que sentem e pensam o mundo de um jeito muito próprio. Nas interações que estabelece desde cedo com as pessoas que lhe são próximas e com o meio que as circundam, as crianças revelam seu esforço para compreender o mundo em que vivem, as relações contraditórias que presenciam e, por meio de brincadeiras explicitam as condições de vida a que estão submetidas a seus anseios e desejos. ( MEC/ 1998, p. 21).
No estatuto da criança e do adolescente, a criança alcançou o lugar de figura central na organização da família, inserindo as crianças e os adolescentes no mundo dos direitos: uma criança com direito de criança, direito ao afeto, direito de brincar,.A educação infantil passa a ser considerada oficialmente como primeira etapa da educação básica a partir da Lei de Diretrizes e Bases (LDB/1996) Lei 9394/96.Por sua vez, as creches passaram a ser um espaço social para promover o desenvolvimento integral da criança. Até meados dos anos de 1990 não se exigia nenhuma formação específica aos profissionais dedicados a cuidar de crianças de zero a seis anos.Porém , com o artigo 62 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9394, promulgada em dezembro de 1996, passa a ser definido que:
A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida como formação, mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal (LDB, 2002, p.96).
Atualmente, estudiosos do desenvolvimento infantil , dão destaque a importância da infância na formação do ser humano , evidenciando também o lugar fundamental do brincar como recurso pedagógico e no desenvolvimento infantil como um todo. A brincadeira na escola tem como função servir ao desenvolvimento da criança, enquanto indivíduo, e promover a construção do conhecimento, processos estes intimamente interligados. Então, o brincar, encontra seu lugar no processo educativo e terapêutico, gerando o desenvolvimento dos processos psíquicos, promovendo o conhecimento do corpo, da linguagem e da aprendizagem.