Diante de todas as mudanças no conceito de infância, é mister um pensar sobre a criança no contexto social e familiar, ainda em reconfiguração. Embora haja um reconhecimento da necessidade do brincar como fator imprescindível no seu desenvolvimento, infelizmente, muitos aspectos da infância tem sido podados pelas exigências do mundo contemporâneo, tanto em relação a criança, quanto a família.A falta de tempo dos pais que hoje vivem também a angústia, a culpa de não ter como atender as necessidades dos filhos e deles, fazem com que estes se sentiam perdidos.Por meio do brincar esse contato e momentos podem ser compartilhados.
Resgatar a infância é preciso, se quisermos ter crianças menos estressadas e mais saudáveis.Em uma era virtual, as brincadeiras antigas, onde a socialização e o contato era maior, vem perdendo espaço para TV e internet.É certo que não podemos desconsiderar a importância da tecnologia , como fator facilitador de interação e conhecimento , porém não se pode perder de vista as relações humanas reais, o contato, as brincadeiras onde a criança possa se expressar , extravasar , interagir e participar de forma mais ativa. Teatrinho, contar história usando a imaginação , brincar de bicicleta e de bola, pular corda, brincar de massinhas, casinha, enfim esta e outras são fontes de aprendizado, socialização e de expressão, onde a criança entra em contato com seu mundo interno, com suas necessidades e aprende na relação com o outro e com o mundo, treinando para a vida e trilhando um caminho de desenvolvimento mais saudável.
A infância, como fase crucial na vida humana é um momento de ser lúdico, de fantasiar, imaginar, criar, ser livre para conhecer, brincar, interagir, aprender, experienciar. Portanto, a ludicidade deve ser pensada num contexto amplo, incluindo escola, família e na vida em vários aspectos.
No contexto escolar, o ensino utilizando meios lúdicos, cria um ambiente gratificante e atraente, servindo como estímulo para o desenvolvimento integral da criança.
No caso da hospitalização para a criança, a brincadeira pode auxiliar no desenvolvimento da autonomia, criatividade. O lúdico no hospital, surge como uma possibilidade de modificar o cotidiano da internação, através de um movimento entre o mundo real e o mundo imaginário, onde a criança ultrapassa as barreiras do adoecimento. É extremamente necessário que os hospitais busquem cada vez mais proporcionar espaços voltados para atividades lúdicas, para poder quebrar um pouco da rigidez e frieza próprio do ambiente hospitalar. Quando a criança chega ao hospital , muitas vezes se encontram debilitada , assustada e insegura, além de deparar com toda uma mudança na sua rotina. Nesse sentido, o brincar passa a ser visto como um espaço terapêutico capaz de promover não só a continuidade do desenvolvimento infantil, como também a possibilidade de, através dele, a criança hospitalizada melhor elaborar esse momento específico que ele esta enfrentando.
A psicologia hospitalar desempenha um papel importante na promoção da saúde da criança e da família e na humanização do atendimento infantil, devendo auxiliar esta criança a atravessar a situação de hospitalização ou de doença de forma mais saudável e menos sofrida, para que o trabalho desenvolvido no hospital seja útil também para o decorrer da vida desta criança.
Na psicoterapia infantil, o brinquedo revela-se como um excelente instrumento terapêutico, um meio natural de expressão da criança, onde são projetados os seus pensamentos e sentimentos. o direito de brincar é reconhecido pelo estatuto da criança e do adolescente. O profissional que trabalha com crianças a utilização da brincadeira em sua prática , tem um instrumento valioso, que vai permitir que este profissional entenda melhor o universo infantil promovendo assim, um bem estar físico e emocional da criança.
O objetivo da psicoterapia infantil é permitir que a criança expresse seus medos, conflitos, ansiedades e vivenciem, experimentem seus sentimentos Para isso, é importante no processo terapêutico a atitude de empatia, acolhimento e aceitação incondicional por parte do psicoterapeuta, dando portanto destaque a importância do vínculo, como condição básica para que a psicoterapia aconteça, permitindo que as intervenções sejam realmente transformadoras.